Mesmo atuando em um mercado onde a estatal Correios mantém mais de 1,4 mil agências franqueadas, oferecendo serviços de encomendas expressas, as empresas privadas do segmento de entregas fracionadas encontram espaço para dobrar suas praças de atendimento, graças ao forte aquecimento econômico, aos reflexos da recente greve da estatal e à crise da VarigLog, que acabaram beneficiando os negócios.
É o caso da nacional JadLog, que vê não só as franquias dobrarem, mas calcula fechar 2008 com o triplo do volume de cargas em relação ao último ano, e da alemã DHL Express, que pode chegar à centésima loja em 2009.
Mais modesta em número de unidades, mas com previsão de multiplicar por dois os seus pontos de atendimento, a rede norte-americana PostNet vê novas oportunidades em mais regiões. Em reportagem recente ao DCI, a BSL Logística revelou ter planos de chegar a 500 unidades até 2012, ou seja, somadas, as quatro corporações vão totalizar mil unidades, cerca de 75% do que os Correios mantêm no Brasil hoje.
Para Juliana Vasconcelos, diretora de Marketing da DHL Express, o objetivo é abrir um canal de varejo eficiente. "Queremos criar uma maior acessibilidade aos serviços DHL. Temos atualmente 50 pontos-de-venda, mas vemos a possibilidade chegar a 100 até 2009", contou ao DCI.
Juliana explicou que nas lojas, os clientes estão divididos em 50% de pessoas físicas e 50% de empresas. Nos locais, a DHL oferece auxílio para as pequenas e médias empresas exportarem seus produtos.
Mesmo pertencendo ao Deutsche Post (o correio alemão), o carro-chefe da DHL no Brasil são as operações de importação e exportação, porém há um incremento no mercado doméstico. "Vemos o mercado interno crescer com os produtos de alto valor agregado", disse a diretora.
A DHL viu o volume de remessas expressas aumentar 25% em julho passado, em relação ao mês anterior, sendo que, no primeiro semestre de 2008, esse total avançou 15,7%, na comparação com 2007. A empresa deve somar 270 carros até o final do ano.
Triplo - Outra empresa que comemora o avanço do setor, ao passo que revê para cima seus indicadores econômicos é a JadLog, que esperava faturar R$ 55 milhões neste ano, mas já calcula ganhos na casa dos R$ 70 milhões ainda em 2008, com o dobro de franquias.
"A greve dos Correios e a crise da VarigLog também deram um empurrão nos negócios", analisou Ronan Hudson, diretor da Jad Log, empresa que pertence ao Grupo Jad, que inclui uma locadora e uma empresa de táxi aéreo.
Hudson explicou que o crescimento também se reflete na quantidade de franquias da empresa, que em 2006 eram 170 e que até o final de 2008, podem chegar a 350 - os executivos calculavam 300, anteriormente. Ele afirmou que a JadLog aposta em um modelo "que não cobra taxas de franquia, com o objetivo de ganhar dinheiro com o volume de cargas", o que, segundo o diretor, facilita a expansão da rede.
Numa franquia Jad, o investidor aplica entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, fora o aporte em frota. Com isso ele tem direito não só à consultoria da empresa, mas a um suporte comercial para alavancar as operações. Cerca de 70% das unidades da entregadora expressa estão na Região Sudeste, sendo os outros 30% divididos entre franquias no Centro-oeste, Norte e Nordeste brasileiros. Atualmente, o grande impulso de franquias está em cidades de porte médio, a exemplo de Marabá, na Região Norte, Caruarú, em Pernambuco, além de Itumbiara e Rio Verde, ambas no Estado de Goiás.
A JadLog conta com uma frota de 25 aviões Cessna, divididos entre quatro regiões do País, para dar maior capilaridade à malha aérea da empresa. Em terra, a empresa tem mais de 1,5 mil veículos, entre 200 carretas, 800 furgões e 600 utilitários dos franqueados.
Visita - Na iminência de receber a visita dos diretores da rede mundial, a PostNet do Brasil tem uma notícia positiva a dar aos executivos: a de que poderá dobrar as atuais 22 lojas até 2010, com uma perspectiva de abrir uma loja por mês em média até lá.
De acordo com Jacques Kann, diretor da PostNet no País, apesar da economia aquecida, a intenção é manter essa velocidade de crescimento. "Não queremos acelerar demais porque temos de dar suporte às lojas já abertas", raciocinou.
As lojas PostNet trabalham no segmento de encomendas expressas em parceria com três líderes mundiais do setor: DHL Express, FedEx e UPS. Somente a primeira faz o envio de pacotes dentro do Brasil. Além do envio de remessas, as lojas mantêm 40 serviços de apoio aos escritórios, como, por exemplo, cópias e encadernações. Kann revelou que uma franquia da rede custa em média R$ 90 mil, não sendo necessária experiência anterior.
"Precisamos apenas que a pessoa seja empreendedora, uma vez que operamos em um segmento seguro, apenas de serviços, livres de investimentos em estoques, por exemplo", analisou o diretor. Ele isse que a estratégia de expansão no Brasil está nas cidades de acima de 150 mil habitantes; abaixo disso, a rede tem de avaliar mais a fundo a demanda.
O executivo acrescentou que, na área de encomendas, realmente as importações e exportações são mais fortes, pela capilaridade mundial das empresas que representa, mas no mercado doméstico, dominado pelos Correios, ainda há espaço para o envio de produtos frágeis, que exigem um manuseio mais cuidadoso, especialidade da DHL.
A PostNet está presente na capital paulista, além de cidades de porte médio e que demonstram forte potencial, como Campinas, Jundiaí e Santo André. Em outros estados, a rede está Belo Horizonte, Vitória, Salvador, Recife, Anápolis e Manaus. Como alvo, a empresa está de olho no Rio de Janeiro, na Região Sul e em cidades de porte médio paulistas. No mundo, há ao todo mil lojas PostNet.
Na liderança do mercado, os Correios mantêm mais de 1,4 mil agências no País, tendo emitido, no primeiro semestre de 2008, mais de 76 milhões encomendas.
Por DCI - SP