Atraídas por benefícios como aluguéis baratos e pouca concorrência, empresas de médio porte avançam em novos mercados
Bruna Bessi, iG São Paulo
Escapar da competitividade nas grandes metrópoles e da saturação do mercado é uma das vantagens que têm levado redes de franquias tradicionalmente localizadas em capitais a buscar alternativas no interior do País. É o caso da franquia especializada no ramo odontológico Sorridents, que vem apostando no potencial das cidades interioranas.
A rede conta hoje com 164 franqueados e 14 unidades no interior, em cidades como São José do Rio Preto (SP), mas pretende aumentar a participação desses mercados na expansão do grupo. “É um modelo interessante porque os franqueados pagam aluguel mais baixo e conseguem diminuir seu custo operacional, o que gera uma lucratividade maior”, diz Alexandre Sita, diretor de negócios da empresa.
Em 2010, as franquias de regiões distantes dos grandes centros foram responsáveis por 10% do faturamento da Sorridents, que chegou a R$ 120 milhões. A opção da empresa em apostar neste modelo vem se tornando a preferência de muitos empresários, que são atraídos por benefícios como aluguéis imobiliários mais baratos e a possibilidade de ter funcionários morando nas proximidades. “Trabalhar perto da empresa diminui custos e aumenta a qualidade de vida, o que é bom tanto para os funcionários quanto para os empreendedores”, afirma Viviane Gonzalez, diretora da consultoria Business Partners Consulting.
Rogério Gama, diretor da MegaMatte, acredita no potencial das cidades mais afastadas
As oportunidades do comércio interiorano também impulsionaram a expansão da MegaMatte. Voltada ao mercado fast-food, a empresa investiu no sistema de franchising e montou um plano para regiões afastadas. Com 81 franqueados e sete unidades localizadas em cidades como Juiz de Fora (Minas Gerais) e Cabo Frio (Rio de Janeiro), a empresa registrou faturamento em 2010 de R$ 50 milhões. A expectativa é de que a rede alcance a marca de 100 franquias este ano, incluindo novas unidades no interior. “Nosso cliente do interior tem um poder de compra maior e participa de um mercado diferenciado, já que o modelo fast-food ainda não faz parte de sua cultura. Mas, se por um lado isso nos favorece, por outro, exige um tempo maior para maturação do negócio”, diz Rogério Gama,
Tempo de maturação
Apesar do modelo atrativo e dos resultados favoráveis, a expansão pelo interior é um processo que exige tempo e um fôlego maior para manter os investimentos enquanto o negócio se consolida na região. “O investimento pode representar um perigo caso seja feito sem estrutura e planejamento. É preciso ter cuidado na escolha da região, identificar se existe oferta de mão de obra e se há uma forte presença de clientes em potencial”, diz Viviane.
Para Alexandre Sita ainda é preciso conquistar a clientela de cidades do interior
A dificuldade para captar novos clientes é um dos problemas identificados pelo diretor da Sorridents, que ressalta a necessidade de conquistar a “simpatia” dos que ainda estão pouco acostumados com a imagem da empresa.
“A população interiorana às vezes rejeita profissionais e marcas que vêm de fora. Por isso, temos muito trabalho para conquistá-los. É um esforço que demanda tempo e competência”, afirma.
Outro aspecto que pode complicar a adaptação de uma média empresa no interior é a falta de mão de obra qualificada. Esse problema foi encontrado pela rede de Cursos Maxx, voltada ao ensino preparatório de concursos públicos, que começou este ano a expandir seu mercado para Teresópolis – interior do Rio de Janeiro.
“Somos obrigados a trazer os professores da capital para lecionar nesta unidade. Os gastos com hospedagem e transporte chegam a aumentar em até 30% o valor da hora aula”, afirma Marcelo Portella, diretor geral do curso. “Para diminuir o problema, estamos capacitando os profissionais de Teresópolis, mas isso ainda demorará alguns meses.”
Fotos: Alexandre Carvalho / Fotoarena
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