Fonte: Gazeta Mercantil - São Paulo, 12 de Setembro de 2007
Nova empresa Franchising Ventures vai atrair investimentos para marcas do grupo.
Integra do texto:
O sistema de franquias brasileiro encontrou mais um caminho para dar continuidade ao processo de consolidação pelo qual passa desde 2000: o fundo de private equity.
Foi o que fez a rede de livrarias Nobel quando decidiu criar o Franchising Ventures, um fundo voltado exclusivamente para investimentos em empresas franqueadoras. Constituído em março, com um capital inicial de R$ 55 milhões, a empresa começou a captação em julho e pretende alcançar o valor de R$ 36 milhões. "É mais uma alternativa de investir em franquias", afirma o diretor do Franchising Ventures, Sérgio Milano. Além da rede de livrarias, que deu início à empresa, cinco marcas de segmentos variados já foram incorporadas à central de franquias. São elas Benedixt, Centro Britânico, Café Donuts, Zastras e Camargo Mais, somando juntas 230 lojas. Três aquisições estão engatilhadas e devem ser anunciadas até o final deste ano. Além disso, a meta é que entre cinco e dez novas franquias sejam adquiridas até meados de 2009 quando começará a segunda fase dos planos da empresa: a oferta pública inicial de ações. "Temos recebido em média três ou quatro consultas por semana de empresas interessadas em fazer parte da Franchising Ventures", afirma.
O fundo fica com pelo menos 50% do capital da empresa, mas o fundador deve permanecer no negócio. "Esse é um dos princípios da franquia. Não queremos perder a pessoa que conhece o segmento, o mercado em que atua", diz Milano. O empresário não revela quanto pagou pela compra de participação nas redes, mas diz que está em busca de franqueadoras que já tenham pelo menos cinco lojas e com potencial de expansão. "A idéia é diversificar. Não importa o segmento", afirma Milano, embora admita que quanto maior a sinergia melhor.
Como funciona o sistema Comparando a estratégia ao sistema solar - sendo cada marca um planeta girando ao redor da central de franquias - Milano explica o funcionamento do negócio. "Cada planeta tem seus funcionários, suas despesas específicas. Mas o salário de uma pessoa que faz treinamento é pago por todos os planetas", diz.
Em busca de eficiência e sinergia muitas redes de franquias vêm realizando fusões, adquirindo concorrentes ou mesmo empresas de segmentos diferentes. Já passaram por esse processo as marcas de comida asiática China in Box e Gendai, as escola de idiomas CNA, Skill e a rede de lanchonetes Une & Due e a franqueadora Acerte Franchising, que detém as marcas Linha & Bainha, Quality Cleaners, Prima Clean e Quallità Lavanderia.
Outro exemplo recente foi a criação do Grupo Ornatus que administra as franquias de comida japonesa Jin Jin e a rede de acessórios Morana, que anunciou o lançamento de uma nova marca de acessórios voltada para o público jovem. "A criação do fundo deve ser observada dentro do cenário de consolidação do setor de franquias. É uma das formas de chegar ao objetivo final de ter sob o mesmo guarda-chuva, várias marcas", afirma o consultor Marcelo Cherto, do Grupo Cherto. Na opinião do consultor, um fundo específico para o segmento de franquias, impõe um pouco mais de respeito ao conceito que encontrou no Brasil terreno fértil para se desenvolver.
Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) dão conta de que em 2006, o mercado de franquias do País cresceu 11%, atingindo faturamento de R$ 39,8 bilhões. Segundo a entidade, existem no Brasil 1013 redes de franquias, que somam 62,5 mil lojas e geram 564 mil empregos. "Sempre se avalia o sistema de franquias pelo lado do franqueado, da ‘lojinha’, e se ignora o lado do negócio, do franqueador", diz Cherto.
A norte-americana Yum! Brands, por exemplo - proprietária de marcas como KFC, Pizza Hut e Taco Bell - se dedica exclusivamente ao segmento de alimentação e possui cerca de 35 mil restaurantes espalhados pelo mundo. A diversidade de segmentos é, segundo Cherto, uma dúvida em relação ao fundo Franchising Ventures. "Com negócios muito diferentes a sinergia é um pouco menor. Por outro lado, existe a vantagem de diluir riscos. Se um segmento não vai muito bem, há outros para contrabalançar", afirma o consultor. Sem aquisições, fusões ou sem o mecanismo de um fundo para unir as franquias seria difícil para as redes entrarem no mercado de capitais. "É preciso ganhar corpo", diz Cherto.
kicker: Constituído em março, com um capital inicial de R$ 55 milhões, o fundo pretende captar mais R$ 36 milhões no mercado (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(Valéria Serpa Leite)
Um comentário:
Por que nao:)
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